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Vanessa Diniz: mulheres na política lagoalegrense

Vanessa Diniz: mulheres na política lagoalegrense

Leia a coluna da pesquisadora Vanessa Diniz publicada nesta quinta-feira (06/08).

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*ESCRITO POR VANESSA DINIZ 

Esta coluna é publicada todas as quintas-feiras.

Vereadora Maria da Cruz (Loló). (Arquivo: Lagoa Alegre Memórias)

A pauta feminina tem ganhado cada vez mais destaque nos espaços de discussão. Sua inserção no mercado de trabalho, e em especial no campo político, é de grande impacto e valia para o debate, uma vez que por meio da participação ativa de mulheres na política, pode-se constituir leis que assegurem os direitos das mesmas.  Contudo, o cenário político não se abre de maneira efetiva para o lado feminino.

No Brasil, somente em 1932 que as mulheres puderam ter o direito ao voto, fruto de anos de luta. Apesar de bastante restrita, essa conquista abriu caminho para os direitos políticos de gênero, que foram ampliados a partir da Constituição de 1934.

Em Lagoa Alegre, podemos observar que, desde a emancipação do município em 29 de Abril  de 1992, a participação feminina em cargos no legislativo e executivo tem sido uma realidade.

Logo na primeira legislativa um marco foi a eleição de duas vereadoras: Maria Elon Moita Machado, do PFL, e Maria da Cruz Araújo Silva (Loló), da mesma legenda. A vereadora Elon obteve o total de 274 votos, sendo a mais votada entre todos os eleitos. Por sua vez, a vereadora Maria da Cruz ocupou a sexta posição com 120 votos, das nove cadeiras disponíveis. Ressalta-se, ainda, que Maria Elon presidiu a solenidade de posse dos vereadores, pois era a mais velha entre os membros.

No ano de 2002, Maria Lenita Carneiro, a "Lenita", foi a primeira mulher a assumir a prefeitura de Lagoa Alegre, quando da renúncia do então prefeito Edson Costa. Na eleição posterior, em 2005, Lenita foi eleita diretamente para o cargo de prefeita. Segundo Lenita, embora ainda tenha bastante rejeição " a mulher tem o direito ao mesmo poder que o homem e, o fato de ser mulher não pode configurar nenhum empecilho para o exercício de um cargo político". Ainda em sua declaração, disse que foi bastante acolhida por seus colegas de trabalho e, que durante sua caminhada nunca se sentiu coagida por indiferença de sexo.

Lenita Carneiro em encontro de lideranças políticas. (Arquivo: Lagoa Alegre Memórias.)

Por outro lado, Ivone Gomes, vereadora entre (2009-2012), relata que sofreu discriminação por ser mulher, recebendo ofensas diretas. Em uma ocasião, um eleitor a disse que não votaria em sua pessoa, pois não acreditava que uma mulher pudesse exercer bem o cargo.

Santinho da então candidata Ivone Gomes (Arquivo: Lagoa Alegre Memórias)

Outra figura marcante no histórico político de Lagoa Alegre, foi a passagem de Gesimar Borges por vários cargos. Em 2001, foi eleita vereadora e, posteriormente, tornou-se o sexta presidenta da Câmara de Vereadores e primeira mulher no cargo. Já obtendo uma bagagem considerável na política, em 2009 é eleita prefeita de Lagoa Alegre.

Primeira Dama Gessimar Borges (Arquivo: Lagoa Alegre Memórias)

Na sexta legislatura (2013-2016) em decorrência da cassação do prefeito Messias Elizardo Moreira, a segunda colocada, Gessimar assume novamente a prefeitura municipal.

Das sete legislaturas, somente a segunda edição (1997 a 2000) não obteve nenhuma participação feminina. No percurso, outras mulheres assumiram cargos de vereadoras:

Maria do Socorro Chaves Rocha (2005/2008)

Maria Ducarmo Moita (2009/2012)

Eulenice Mineiro Silva (2009/2012), (2013/2016)

Ivone Gomes Oliveira (2009/2012)

Cleudinar Silva Araújo (2013/2016)

Lucinete Oliveira (2017/2020)

Ana Maria Gomes de Araújo Sérvulo (2017/2020)

Historicamente, o número de mulheres na política lagoalegrense é considerável, embora a cota de 30% dos cargos para o gênero não seja alcançada. Isto se dá por diversos fatores, seja pela opressão nestes espaços, em decorrência da dupla jornada ou simplesmente a falta de incentivo às mulheres em cargos de poder.

O fato é que se torna essencial a atuação das mesmas ativamente na política, pois é uma forma mais que simbólica de quebrar tabus.

*Vanessa Diniz é estudante de história pela Universidade Estadual do Piauí e editora da página Lagoa Alegre Memórias no Facebook.

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