Danilo Reis: União parou com o apito do navio!
Há exatos 32 anos um navio chamado Graneleiro subia as águas do Rio Parnaíba, em União. Leia mais na coluna de Danilo José Reis dessa Segunda-feira, 18 de maio.
Escrito por Danilo José Reis
Há exatamente 32 anos - dia 18 de maio de 1988 - passou por União subindo as águas do "velho monge", o Graneleiro " Comandante Fausto Fernandes Silva" - navio do sal, ou "barca do sal", como ficou conhecido. Ele era uma embarcação pertencente ao Governo do Estado, construído no governo Alberto Silva, com o objetivo de resgatar a navegação no Rio Parnaíba, integrando o Piauí com o Brasil Central.
(Foto: Arquivo/portalpiracuruca.com)
Em 10 de maio, ele partiu do litoral piauiense com destino ao município de Guadalupe, no sul do Estado, levando um carregamento com cerca de 200 toneladas de mercadorias, sobretudo sal e calcário. No caminho algumas paradas foram programadas, e outras, não. O sonho de reviver os tempos áureos da navegação à vapor no Rio Parnaíba logo veio a naufragar. Problemas mecânicos; de incompatibilidade dos calados do rio e da embarcação; de assoreamento; e o peso da carga, acarretaram em alguns contratempos. Paradas indesejadas retardaram a programação.
No entanto, apesar de todas as dificuldades, a esperada embarcação adentrou em "águas unionenses" no dia 18 de maio. A primeira parada, programada, se deu no "cais" da cidade. A chegada do Graneleiro atraiu centenas de citadinos, todos curiosos em ver e testemunhar o desembarque do "grande navio". A barca do sal se transformou numa grande atração em União. Algumas escolas chegaram a levar seus alunos até o cais. Autoridades e gente de todos os cantos se dirigiram até o rio. Foi um grande frenesi! O Graneleiro pernoitou aquela noite em União.
A caminho para Teresina houve uma nova parada em águas unionenses, esta não prevista. Na altura do povoado David Caldas, região da COMVAP, a "barca" apresentou problemas na injeção de óleo na marcha dos motores, sendo necessário vim de Teresina um novo equipamento. Esse trecho, também temido pelos navegantes da época, fez com que a embarcação encalhasse. É válido lembrar que o peso da carga, provocara, entre outros problemas, a baixa velocidade do "navio". Para isso parte da carga foi distribuída entre os ribeirinhos.
Após muitos obstáculos, a "barca" conseguiu chegar a Teresina onde interrompeu sua viagem. O restante da carga foi desembarcado e o deslocamento até Guadalupe, cancelado.
O sonho virou pesadelo!
Danilo José Reis é professor e membro do grupo de pesquisa Piquete Explorador.