Danilo Reis: PADRE CÍCERO: A TRAJETÓRIA DO PADRE “FASCISTA” DE UNIÃO.
Pela paróquia de União já passou padre "comunista", "capitalista", e "fascista" - diga-se Integralista.
Cicero Portela Nunes, foi o sétimo vigário a administrar a paróquia de Nossa Senhora dos Remédios - criada em 1853 - permanecendo por aqui de 1921 a 1927. Antes de assumir a freguesia, o padre, natural de Valença (PI), foi pároco de Campo Maior, e ocupou a vigararia-geral da Diocese de Teresina, até 1920. Nesse momento, ainda não vislumbrava com nenhuma ideologia nascente nesse período.
(Foto: Padre Cícero Portela - Acervo do PEE)
Durante sua estada em União, destaca-se pela assistência religiosa dada as Irmandades Católicas (entre elas Pia Filhas de Maria; São Vicente de Paula, e Sagrado Coração de Jesus), e participa do primeiro novenário dedicado a São Raimundo Nonato, em 1924. Fora isso, não se tem outras informações sobre as suas atuações pastorais na cidade.
Deixa União em 1927, onde ruma para o Rio de Janeiro, então capital Federal. Lá torna-se poeta, jornalista, conferencista, polemista, e orador sacro. Por lá também se aproxima com o ascendente movimento integralista - a AIB (Ação Integralista Brasileira), liderada por Plínio Salgado.
Os integrantes da AIB tradicionalmente portavam um caqui verde-escuro, quase preto; braço levantado; a mão espalmada; a saudação • Anauê • -- os símbolos do integralismo, movimento de inspiração fascista, nascido na Itália. Com essa aproximação, Cícero Portela volta para Teresina em 1935, com a missão de articular o movimento no Piauí. Ao chegar assume as rédeas da direção do Colégio Diocesano, e participa do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.
(Foto: Enciclopédia Ilustrada Conhecer 2000)
Com a insatisfação dos integralistas com o ditador Getulio Vargas, os "fascistas integralistas" organizam um golpe de estado contra o Estado Novo em 1938. Padre Cícero, então bem envolvido com o movimento, seria, caso a intentona lograsse êxito, escolhido para governar o Piauí.
Diante da derrocada "revolução", Cícero retorna para o Rio de Janeiro, onde falece em 1964, aos 79 anos.